G1 apurou que Microsoft deve usar mais de uma interface em novo sistema.
Com 'máscara', programa ficaria mais amigável para tela sensível ao toque.
Steve Ballmer, durante anúncio de que Windows 8 seria usado em tablets |
Segundo fontes ligadas à empresa de Redmond, a decisão da Microsoft de criar uma interface gráfica específica, e não um sistema operacional completamente independente para tablets, foi tomada com base na percepção da empresa de que o principal ativo da companhia é a onipresença do Windows -- e do pacote Office -- no ambiente corporativo.
"Acreditamos que o usuário vai querer fazer com o tablet tudo o que ele faz em seu computador no escritório", o vice-presidente sênior da divisão de comunicações móveis da Microsoft, Andy Lees, durante evento no Mobile World Congress de Barcelona. Por isso, segundo Lees, a empresa desistiu de simplesmente adaptar o Windows Phone 7, sistema operacional da empresa utilizado em telefones celulares e que será adotado pela Nokia, para a tela maior dos tablets.
A principal vantagem, do ponto de vista do consumidor, é que será possível utilizar, nos tablets, programas desenvolvidos para Windows. Isso não é possível, por exemplo, com o iPad, que não é compatível com aplicativos criados para computadores Mac.
Andy Lees, vice-presidente da Microsoft |
Lees, no entanto, sabe que a Microsoft já tentou usar uma versão completa do Windows, praticamente intocada, em aparelhos sem mouse e teclado. Em 2001, a empresa lançou o conceito de “Tablet PCs”, computadores com tela sensível ao toque rodando Windows.
Sem adaptações de interface e com preço alto para a época, o produto fracassou. Nove anos depois, em 2010, a Apple conseguiu, utilizando um sistema originalmente criado para celulares, fazer do iPad o maior sucesso de vendas do ano no setor de tecnologia.
"O fato de utilizarmos o mesmo sistema operacional, com todas as funções, não significa que a interface será a mesma", afirmou Lees. Um engenheiro ligado ao desenvolvimento do novo Windows confirmou ao G1 que a empresa testa o uso de uma "máscara" adaptada para comandos feitos com o toque da ponta dos dedos, e não mais pelos tradicionais cliques do mouse.
Até mesmo a interface Metro UI, que nasceu para o tocador de vídeos e MP3 Zune, passou para o Windows Media Center, e agora é usada em todos os telefones com sistema da Microsoft, está sendo testada pela Microsoft. Seria, no caso, uma maneira de criar uma "ponte" unindo o sistema para telefones ao utilizado em tablets e PCs.
Metro UI, interface gráfica da Microsoft usada no Zune HD e celulares com WP7 |
Abordagem diferente
A estratégia adotada pelas maiores concorrentes da Microsoft -- a Apple, com o iPad, e o Google, dono do sistema Android -- é diferente. Na companhia de Steve Jobs, por exemplo, o iPhone até chegou a ser anunciado, em 2007, como um telefone rodando Mac OS X. Mas, quando chegou ao mercado, o que se viu foi um aparelho com sistema que bebia nas mesmas fontes -- ou seja, Unix -- que os computadores da Apple, mas sem compatibilidade com os programas feitos para a plataforma Mac OS X.
O Google também mantém linhas diferentes de desenvolvimento para computadores tradicionais e para tablets e celulares - embora, no caso da gigante das buscas, o jogo tenha se invertido, já que o sistema para PCs, o Chrome OS, é mais novo que o Android.