Mídia é a preferida por empresas para cópias de segurança.
Leitoras de fitas buscam arquivos e etiquetam cartuchos.
Técnico opera gravador de de fita DLT, criado em 1984 |
Recentemente, o Google informou que precisou recorrer às fitas de backup para recuperar e-mails depois que pelo menos 150 mil contas do Gmail foram completamente perdidas.
As fitas de hoje são um pouco diferentes das tradicionais cassete ou VHS, mas ainda funcionam com o mesmo princípio: a fita dentro do cartucho precisa ser “passada” até o ponto que se quer ler ou escrever. O formato mais comum hoje é Linear Tape-Open (LTO), um padrão aberto apoiado por dezenas de fabricantes.
Não existe tecnologia em vista para substituí-las – apenas complementos. O que a IBM conseguiu, na verdade, foi criar uma fita capaz de armazenar 35 TB de dados sem compactação – a compactação pode, em tese, elevar esse número para até 100 TB por cartucho.
Cada TB (terabyte) possui 1.000 GBs (gigabytes), pelo Sistema Internacional de Unidades. Um gigabyte é suficiente para armazenar um filme de duas horas em boa qualidade – logo, um TB serve para armazenar 35 filmes. Como comparativo, a mídia Blu-Ray, que armazena filmes em alta definição, armazena no máximo 50GB. Uma fita seria equivalente a 700 discos Blu-Ray.
Essa tecnologia deve estar no mercado dentro de “alguns anos”, segundo o executivo da IBM. Hoje, as fitas com maior capacidade permitem gravar até 3 TB, com compactação, o equivalente a 60 discos Blu-Ray e a mesma capacidade encontrada nos maiores discos externos. Discos rígidos, porém, tem uma desvantagem. Se ficarem parados sem alimentação de energia elétrica, seus componentes mecânicos podem deixar de funcionar, ao contrário da fita, que pode ficar anos armazenada sem precisar de energia elétrica.
Etiqueta no cartucho
O administrador de redes Julio Cesar de Faria, 31, trabalha com fitas há 15 anos, desde o formato conhecido como DAT, em que os cartuchos pareciam fitas cassete. Segundo ele, o maior problema é a restauração dos dados quando tudo der errado. “Ainda é lento do meu ponto de vista”, diz.
O administrador de redes Julio Cesar Faria, 31, trabalha em empresas que usam fitas há 15 anos |
“Existem as Tape Library que suportam em suas bandejas diversas fitas. A cabeça de gravação e leitura procura as fitas, grava, armazena e algumas já fazem até a etiqueta”, conta.
Os sistemas também são capazes de verificar dados novos e realizar apenas a cópia daquilo que foi modificado ou é novo em relação ao que já está na fita. Depois, os dados são mesclados para garantir que todas as informações sejam restauradas.
“O backup realizado recebe uma data de expiração, que pode ser de uma semana, um mês ou anos. Quando expira, a fita é reutilizada”, afirma Faria.
Incentivos
Além do baixo custo e durabilidade, as fitas são também preferidas porque ajudam as empresas cumprirem leis e outros dispositivos de regulamentação. “Outro motivador para esta tecnologia é a nota fiscal eletrônica, que despertou a preocupação de empresas de diversos portes com os processos de backups e garantia de recuperação dos dados”, afirma Andrea Corrêa, gerente de marketing de Storage da HP.
Corrêa também explica que as fitas têm um preço baixo porque são um padrão da indústria com “mais de 20 grandes fornecedores”. Segundo ela, esse cenário garante a “liberdade de escolha de fornecedor, disponibilidade de produto e preços muito mais competitivos em relação a outras tecnologias proprietárias”.
Fita LTO-2 aberta. No centro, detalhe do sistema de rotação |
É claro que nem tudo sempre funciona bem. O administrador de redes Julio Faria resume da seguinte forma: “você só sabe que não tem um backup bom quando precisa dele”. Segundo ele, mesmo com testes realizados mensalmente ou anualmente nas fitas, para verificar a integridade, ainda pode dar tudo errado – e o importante não é a tecnologia, mas o processo adequado. “Saber quando um backup foi feito ou quando ele não foi feito é muito mais importante do que o próprio backup”, explica o técnico.
“O que seria uma simples cópia para o usuário doméstico se torna uma tarefa altamente especializada demandando planejamento e estratégia”, sentencia Corrêa, da HP.